A importância das abelhas na biodiversidade e sua contribuição para a segurança alimentar e nutricional
20 de maio de 2018, Libreville – No Dia Mundial das Abelhas, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura realçou a importância destes polinizadores para a conservação da biodiversidade, chamando assim a atenção para a necessidade de conservar esta espécie, valorizando também o seu papel na segurança alimentar e nutricional.
Em 20 de Dezembro de 2017, a Organização das Nações Unidas (ONU) tomou a resolução de celebrar o Dia Mundial das Abelhas no dia 20 de maio. O objetivo é promover a conscientização das populações sobre o papel essencial desempenhado pelas abelhas e outros polinizadores. As abelhas e outros polinizadores são amplamente reconhecidos pelo seu importante papel e contribuição para a segurança alimentar e nutricional, agricultura sustentável, saúde ambiental e dos ecossistemas, enriquecimento da biodiversidade e outros aspectos do desenvolvimento sustentável. No entanto, e por todo o mundo, cada vez mais espécies de polinizadores têm vindo a desaparecer devido a vários factores, a maioria dos quais de origem humana.
“A polinização é um processo fundamental nos ecossistemas terrestres naturais e geridos pelo Homem. É um contribuinte essencial para a produção de alimentos e estabelece uma ligação directa entre os ecossistemas naturais e os sistemas de produção agrícola” explicou Irina Buttoud, funcionária da FAO para a África Central responsável pelas florestas. Além disso, “a grande maioria das espécies de plantas com flor não produz sementes se os animais polinizadores não transportarem o pólen dos estames para os estigmas das flores. Sem esse serviço, muitas espécies interdependentes e muitos processos operando dentro do mesmo ecossistema desapareceriam”, acrescentou.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) saudou esta decisão que ajudará a promover iniciativas internacionais e acções colectivas em prol da protecção das abelhas e seus habitats, do aumento da sua densidade e diversidade, e do desenvolvimento sustentável da apicultura.
O papel das abelhas na segurança alimentar e nutricional e na luta contra a pobreza
As abelhas desempenham um papel importante para a cadeia alimentar global. De acordo com a Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistémicos, o valor dos serviços ecológicos e económicos fornecidos pelas abelhas corresponde a 577 bilhões de dólares americanos. Além disso, um terço da produção mundial de alimentos depende diretamente da sua atividade polinizadora e as abelhas são, entre os polinizadores, aquelas que desempenham a polinização de forma mais eficaz. Através da polinização de plantas, as abelhas favorecem a produção agrícola que garante a segurança alimentar, e através dos seus produtos de alto valor nutritivo (mel, geleia real, pólen, etc.), a segurança nutricional da população.
Segundo Irina Buttoud, “a apicultura ou criação das abelhas é uma actividade económica com baixo impacto ambiental. Exigindo baixo investimento, ela pode proporcionar rendimentos substanciais e fortalecer a segurança alimentar e nutricional das populações rurais, altamente dependentes dos produtos florestais para sua subsistência, mas atualmente, o mel no Gabão, na Guiné Equatorial e em outros países da sub-região, continua a ser um tesouro com potencial sub-explorado”.
No Gabão, a FAO em parceria com a Agência para a Execução de Atividades do Setor Florestal e da Madeira (AEAFFB) apoiou o processo de capacitação na apicultura de comunidades organizadas no seio das florestas comunitárias no âmbito do projecto “apoio Apicultura em Florestas Comunitárias no Gabão”.
50 apicultores selecionados foram treinados em técnicas de pós-colheita, embalagem e processamento de produtos apícolas. Particular atenção foi dada aos padrões de qualidade e higiene durante a colheita e embalagem do mel. Quinze desses apicultores também foram treinados em técnicas para o desenvolvimento de outros subprodutos da colmeia (cera de abelha e própolis). Para limitar o uso de insumos importados que são caros e de difícil acesso para as estruturas comunitárias, as capacidades de produção de certos insumos apícolas foram desenvolvidas. Sete carpinteiros e costureiros foram treinados sobre técnicas de criação de colmeias de topo (modelo queniano), colmeias e apicultura. Outros equipamentos e insumos apícolas (instalação, monitorização, colheita e embalagem) não disponíveis no Gabão foram importados do Ruanda e distribuídos em locais-piloto : 8 minis-centros de produção de mel foram assim equipados, incluindo 28 colmeias de demonstração com um total de 107 colmeias em operação. A capacidade de produção anual destas colmeias está estimada em 2 toneladas de mel (em média, 250 kg por cada mini-centros de produção) e 100 kg de cera.
Na Guiné Equatorial, através do projecto “apoio ao desenvolvimento da apicultura nas zonas rurais”, a FAO capacitou mulheres e jovens para as melhores práticas na apicultura e produção de colmeias. O principal objetivo era demonstrar, através de actividades-piloto, que é possível desenvolver a apicultura como uma actividade geradora de rendimento nas áreas rurais, particularmente na região continental e na ilha de Bikoko. No total, mais de trinta apicultores foram treinados e oitenta colmeias foram instaladas na região e permitiram o aumento a produção de mel nos municípios de Moka e Nsor.
Estas iniciativas procuraram um efeito de propagação e promoção paulatina, treinando uma primeira geração de apicultores. A experiência do projeto na domesticação de abelhas indígenas que fazem parte da biodiversidade mostra que o desenvolvimento económico pode ser compatível com a preservação da biodiversidade. O uso quase nulo de produtos fitossanitários químicos em várias zonas rurais do Gabão e da Guiné Equatorial tornou possível prever um subsector orgânico do mel e seus derivados, que são muito procurados no mercado local e internacional. Em si, a apicultura é uma actividade capaz de promover um impacto ambiental positivo, pois estimula a polinização e, portanto, a produtividade dos ecossistemas florestais (e agrícolas) circundantes.
Além disso, celebrou-se o 25º aniversário da Convenção sobre Biodiversidade no dia 22 de maio. Esta será uma oportunidade para destacar as conquistas dos seus objectivos ao nível nacional e mundial. Para Hélder Muteia, Coordenador do Escritório Sub-Regional da FAO para a África Central, “apesar da crescente conscientização da biodiversidade enquanto um amigo oculto, há muito ignorado e negligenciado, a maioria dos seus benefícios não foram ainda estudados, conhecidos ou reconhecidos. Com essa perda sistemática da biodiversidade, a biosfera está enfraquecendo e também mais frágeis estão os diversos ecossistemas que alimentam a vida, a produção de alimentos, a oxigenação do ar atmosférico, o equilíbrio de carbono, etc. Portanto, é urgente encarar a biodiversidade como fonte de vida e resiliência”. Como resultado, “é necessário evitar a perda de recursos naturais que sustentam a vida no planeta. Combater o aquecimento global e as mudanças climáticas, mas também tomar medidas mais específicas como o combate à desflorestação, queimadas descontroladas, caça furtiva, pesca ilegal e ilegal, o uso de poluentes e agro-químicos, poluição das águas do mar com plásticos e contaminação dos solos”, sublinhou.
Crédito do Texto original: http://www.fao.org/sao-tome-e-principe/noticias/detail-events/en/c/1133316/
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