Aluguel de abelhas ajuda a produzir mais maçãs, abacates e melões
André Cabette Fábio
Do UOL, em São Paulo
Agricultores estão alugando colmeias de criadores de abelhas –chamados de apicultores– para aumentar a produção de frutas como maçã, abacate e melão. No Sul do país, a estimativa é de que 60 mil colmeias sejam alugadas todo ano por produtores de maçã.
As abelhas se encarregam da polinização das flores, que é a transferência do pólen entre elas e que leva à formação dos frutos. O vento, outros insetos e até morcegos também realizam a tarefa, mas as abelhas são as principais polinizadoras.
Além de receberem pela prestação do serviço aos produtores de frutas –de R$ 50 a R$ 70 por colmeia, no caso de pomares de maçã–, os criadores de abelha também lucram com a venda do mel produzido no período.
Nos Estados Unidos, os apicultores chegam a receber até US$ 150 (R$ 358) por colmeia para polinização de amendoeiras, afirma o presidente da CBA (Confederação Brasileira de Apicultores).
Produção de maçãs é dependente do trabalho feito pelos insetos
As macieiras são completamente dependentes da polinização por insetos para dar frutos, diz o professor Afonso Inácio Orth, do curso de Agronomia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Ele afirma que, no Estado, é costume colocar duas ou três colmeias de abelhas por hectare, o que rende 35 toneladas de maçãs na área. Um experimento feito pela UFSC com seis colmeias por hectare fez a produtividade pular para 79 toneladas, diz Orth.
Joselmar Tonial, que cria abelhas desde 1996, em Fraiburgo (SC), tem cerca de 1.600 colmeias, que aluga na época da florada da maçã. No total, fatura mais de R$ 100 mil com o aluguel das caixas de abelha a cada temporada.
Ele informa que o aluguel dura cerca de um mês, e começa por volta de 20 de setembro, com o surgimento da florada. Tonial presta serviço a um pequeno produtor e para a Renar Maçãs, empresa tradicional do setor.
O valor do aluguel mensal de cada colmeia (R$ 65) corresponde a mais de 60% do que ela rende com mel ao longo do ano (R$ 104). “Como a região é fria e não tem flores o ano todo, não faturamos tanto com o mel”, afirma.
Produtores de melão e abacate também alugam abelhas
Orth, da UFSC, também destaca que de 10 mil a 15 mil colmeias são usadas todo ano no cultivo de melão em Mossoró (RN), embora não saiba informar quanto os apicultores locais recebem pelo aluguel.
No Sudeste, a fazenda Jaguacy, maior exportadora de abacates do país, também usa abelhas há duas décadas para obter mais de 300 mil toneladas da fruta por ano em uma área de 500 hectares em Bauru (SP).
Para cada hectare, são utilizadas duas colmeias por dois meses, a partir de agosto, quando desabrocham as flores. “Insetos como moscas também polinizam as flores, mas as abelhas são mais eficientes”, diz Victor Falanghe Carvalho, um dos sócios da Jaguacy.
A empresa contrata dez apicultores por ano, que fornecem juntos 850 caixas de abelhas, a um custo mensal de R$ 30 por colmeia. Outras 150 vêm da própria fazenda, que tem uma criação particular de abelhas.
O professor universitário aposentado Guerino Ninin aluga suas 50 colmeias para a Jaguacy desde 2010. Segundo ele, o valor recebido apenas cobre os custos com o transporte das caixas. “Não tenho muita renda com o aluguel, mas a iniciativa é interessante”, diz.
O maior rendimento vem de uma tonelada de mel que produz por ano, vendido por até R$ 14 o quilo na barraca que a Associação dos Apicultores de Bauru mantém numa feira aos domingos de manhã, no centro da cidade.
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