A Síndrome do Desaparecimento das Abelhas
Fenômeno observado no mundo todo, a morte de milhares de colmeias está relacionada ao uso de um tipo de inseticida, acredita professor
“Esse é um problema muito sério no Brasil, mais precisamente em 14 estados”. É com esse alerta que o geneticista, professor aposentado da USP e também professor visitante da UFERSA (Universidade Federal Rural do Semi-Árido), Lionel Gonçalves, fala sobre o declínio da população de abelhas. “E não se fala muito sobre ele porque temos aqui uma política muito complicada em relação a isso. Mas, IBAMA, Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Agricultura têm conhecimento da gravidade da situação”, completa.
Segundo o pesquisador, foi entregue esse ano pela organização não governamental da qual é fundador, a Bee or not to be?, um abaixo-assinado com 22 mil assinaturas solicitando um controle do uso de agrotóxicos nas lavouras por parte desses órgãos e chamando atenção para o que está acontecendo e as consequências da morte de milhares de colmeias.
“Esse não é um problema só do Brasil. A ciência já apontou que a morte das abelhas no mundo todo é epidêmica. O fenômeno foi denominado de Colony Collapse Disorder ou Síndrome do Desaparecimento das Abelhas”, diz.
Gonçalves explica por que se fala em desaparecimento e não morte das abelhas. “Ao entrar em contato com os inseticidas, as abelhas ficam desnorteadas porque o produto químico atinge as células nervosas da abelha, modificando sua fisiologia. Por esse motivo, elas não conseguem voltar para colmeia”, explica o professor.
Oficialmente, aqui no Brasil, não temos informações sobre o distúrbio. “O que temos são dados coletados pelo aplicativo Bee Alert (lançado pela Bee or not to be?). Em 16 meses, a plataforma registrou a morte de 16 mil colmeias, o que equivale a aproximadamente 900 milhões de abelhas”, lamenta Gonçalves.
Os vilões
Inseticidas do tipo neonicotinoides estão sendo apontados como os prováveis causadores do sumiço das abelhas. “Eles são produtos sistêmicos, ou sejam, que penetram na planta, em suas raízes e no solo; sendo levados a n quilômetros de distância pelo lençol hídrico”, explica o geneticista.
A Alemanha foi o primeiro país a proibir a venda desses produtos. Depois, alguns seguiram os mesmos passos – Espanha, Itália, Canadá, México.
“Há muito o que fazer e o governo brasileiro precisa tomar providências ou teremos uma perda ainda maior. Apicultores e meliponicultores estão desistindo de suas atividades porque não há apoio ou qualquer tipo de respaldo governamental diante do problema”, diz Gonçalves.
“Estamos numa luta bastante inglória. De um lado, estão governo e multinacionais responsáveis pela produção e venda de agrotóxicos e do outro, a natureza, que precisamos preservar. É necessário que tenhamos mais contato com a natureza, que tenhamos mais amor pelos insetos”, finaliza o pesquisador.
Fonte: http://cenarioagro.com.br/tag/sindrome-do-desaparecimento-das-abelhas/
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