Apicultor cacerense comemora selo nacional para o mel produzido no Pantanal

Apicultor cacerense comemora selo nacional para o mel produzido no Pantanal

De Jornal Oeste, Publicado em 14/03/15.

amp-258517_397232683675678_670851673_oO Pantanal agora é região oficialmente reconhecida como produtora de mel. O selo de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência (IP), conferido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), na última terça-feira (10), por meio de publicação no Diário Oficial do órgão, define a maior planície alagável do mundo como região com tradição na produção de mel.  Esta é uma antiga reivindicação dos apicultores do Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O Conselho das Cooperativas, Associações, Entrepostos e Empresas de Afins à Apicultura do Pantanal do Brasil (Confenal), requerente do registro, adquiriu o direito exclusivo de autorizar o uso do selo. Esta entidade vai controlar sua aplicação nos produtos.  O Sebrae MT apoiou o segmento, a organização de associações mato-grossenses e o processo junto ao INPI.

Novo estímulo

“O selo de Indicação Geográfica Mel do Pantanal era aguardado faz tempo”, comemora Félix Antenor Labaig (foto), biólogo aposentado, apicultor há 40 anos de Cáceres e presidente da Associação de Apicultores do Alto Paraguai (Apialpa).  Foram cerca de cinco anos, entre reuniões, organização das associações, o pedido e o registro.  A partir de agora, os consumidores terão a garantia de estarem comprando mel pantaneiro, destaca Félix.

“O Pantanal representa a ausência da monocultura. Até o momento, é uma região preservada. A flora pantaneira gera o diferencial do mel da região. Existem néctares, que só ocorrem aqui”, justifica.

Everson de Aquino Nunes, apicultor de Poconé há 10 anos e atual presidente da Associação de Apicultores e Produtores de Mel  Orgânico do Pantanal (Apiopan) ficou satisfeito com a notícia. “Faz tempo que estávamos lutando para conseguir este reconhecimento. A atividade anda enfraquecida em nossa região, mas agora acredito que vai incentivar os apicultores a voltar a produzir mais”, acrescentou.

Poconé já chegou a produzir  18 ton/ano. No ano passado, foram 11 ton, informa.  O produto é comercializado na região. Uma casa de mel está sendo estruturada pela Apiopan e já foram instaladas a área de extração e vestiário. O selo vai estimular a entidade a continuar aprimorando a casa de mel e haverá retorno de associados, prevê Everson.

“Este selo  chega em boa hora, pois a atividade anda meio enfraquecida. Vai abrir o mercado para nós, acredito que até a exportação. Vai melhorar a organização e conscientização dos apicultores”, declara José Catarino Mendes, apicultor há 25 anos de Nossa Senhora do Livramento e responsável pela marca Biomendes.

Ele possui cem colmeias e também conta com loja em Várzea Grande.   Catarino ressalta que o Pantanal é um bioma ainda virgem, sem problemas de contaminação por defensivos agrícolas e inseticidas, muito comum em regiões frutícolas ou de monoculturas.

Floradas

O paladar e o aroma do produto reflete a biodiversidade do bioma. O apicultor explica que as floradas do Pantanal são únicas e permitem coletar diferentes tipos de mel, em cada época do ano. O mel de Cambará, por exemplo, ocorre em julho e agosto; de ervas aquáticas como o aguapé, em março e abril; de pimenteira, entre dezembro e janeiro; e de hortelã, em maio.

Há espécies vegetais na região pantaneira que são excelentes geradoras de pólen, como a Canjiqueira e a Papeira, que ocorrem na vazante.  “A Canjiqueira é ótima para a produção de geleia real. O mel de Canjiqueira é muito gostoso. Ela é linda e as abelhas a adoram”, informa Catarino. Nos meses de julho e agosto, há trepadeiras e cipós que também favorecem a produção de néctares e mel diferenciados, complementa.

Pesquisa

Carla Galbiati, doutora em entomologia da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) /Campus de Cáceres e professora do curso de agronomia, pesquisa há mais de dez anos o mel e a própolis do Pantanal, Amazônia e Araguaia. Os estudos são voltados à comprovação da qualidade física e química dos produtos (não abrangem valor nutricional e propriedades terapêuticas).

“Esta conquista é importante para os apicultores. Tenho acompanhado o processo de IG. Este selo é um avanço, pois protege e garante a produção do bioma”, explica a Galbiati. O Brasil passará a se interessar pelo mel do Pantanal, segundo ela. Consequentemente o manejo também será aprimorado. Os apicultores do bioma pantaneiro vão buscar melhorar a qualidade para fornecer o produto a todo o país, prevê a doutora.

Fonte: Jornal Oeste publicado em 14/03/2015 http://www.jornaloeste.com.br/noticias/exibir.asp?id=33680&noticia=apicultor_cacerense_comemora_selo_nacional_para_o_mel_produzido_no_pantanal

Sem comentários

Sorry, the comment form is closed at this time.